domingo, 26 de junho de 2011

Operando


Eis que finalmente tomei coragem e fiz minha cirurgia de otoplastia. Pra quem não sabe, otoplastia é a cirurgia da orelha, aquela que conserta a famosa orelha de abano, dumbo, açucareiro, fusca com portas abertas, entre inúmeros nomes dado às orelhas que brigaram com a cabeça e se separaram.

Preparação dez dias antes, com alguns remédios, e chega o grande dia! Chegando na clínica na hora marcada, com a antecedência pedida, tomei um belo chá de cadeira, até a chegada da mocinha com a roupa que eu tinha que colocar, se é que aquilo pode ser chamado de roupa. Até onde eu sei, as roupas servem pra vestir alguma coisa, e aquela coisa não veste nada! Mas tudo bem, vamos lá, vesti aquilo, coloquei meia e toquinha – um charme – e fui andando até a sala de cirurgia. Detalhe para minhas mãos segurando a tal roupa na parte de trás, que é toda aberta. Me senti o Jack Nicholson no filme “Alguém tem que ceder”.

Chegando na tal sala, deitei e comecei a ficar nervosa. Tudo é de metal. Só tinha visto tudo aquilo pela televisão. Mas logo chega o anestesista com uma seringa que me faria dormir neném. Enquanto ele aplicava o “remedinho”, eu perguntava se o efeito era imediato. Ele disse que sim, mas não foi. Falei pra ele isso, ele riu. E continuei acompanhando as meninas arrumando todos os instrumentos nas mesas de metal barulhentas que só. Até que dei uma virada na cabeça que as imagens vieram mais arrastadas, quase que acompanhadas de um arco íris. Ê beleza, era o sedativo fazendo efeito. Na hora já perguntei se eles por acaso não teriam um daqueles para eu levar pra viagem, mas pelo jeito não tinham. Uma pomada foi passada nos meus olhos, quando eles estavam meio fechados. Não entendi pra que aquilo, mas não tinha muita condição de perguntar na hora.

Engraçado que me lembro de sentir a cirurgia. Mas não sentir dor. Dor nenhuma! Eu sentia que tinha gente mexendo em mim, era como um cafuné. Me lembro também de ter conversado um pouco com o pessoal por lá. Perguntei quantos pontos estavam dando, mas não tenho nem idéia da resposta. Espero não ter falado nenhuma besteira... ou pelo menos que tenha divertido a equipe.

Acordando, dei de cara com uma menina que estudei na adolescência. Perguntei se eu estava doidona ou ela era ela mesma. Haha! A resposta: as duas coisas, você está doidona e eu sou eu sim. Muito bom. Cada lugar que a gente encontra com pessoas conhecidas, não??

E vamos pro quarto. Mas, dessa vez, na cama. Ainda bem, acredito que não teria segurado a roupa na parte de trás. Passei o dia meio tonta, disseram que era normal, ufa.

Depois de duas refeições, várias horas, volto no mesmo dia para casa. Dor nenhuma! Tudo amortecido. Dormir é chato, tem que ser a noite todinha de barriga pra cima. Não tem condições de virar a cabeça. As orelhas estão inchadas e me sinto com um capacete de pólo. Ótima associação. Dores? Sim. Nos próximos dias, muita dor, mas o pensamento sempre firmando que são poucos dias para o efeito que durará o resto da minha vida. Para completar a brincadeira, um dos remédios não reage muito bem, me causando um vermelhidão no rosto. Sim!! No rosto! Além de estar inchada, estou vermelha e coçando! Mas o pensamento continua o mesmo, daqui a pouco tudo isso passa.

E cá estou, cinco dias depois da cirurgia, sem dores, apenas com uma sensação diferente nas orelhas, com o rosto bem vermelho e coçando – calma, já suspendi o tal remédio. Um pouco de inchaço ainda, mas cada dia melhorando mais. Orelha de dumbo, nunca mais!!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Meu Santintonho


Ontem foi dia dos namorados. Passei a maior parte do dia dormindo. Não por birra, mas por conta de um churrasco no dia anterior que foi até quase de manhã. Juntando a preguiça com o frio que faz nessa cidade, ficou bem complicado sair da cama. Ah sim, e fiquei esse tempo todo na cama sozinha. Não completamente, Dalila me faz muita companhia. Esse ano foi um pouco diferente, não ouvi nenhum comentário sobre eu estar solteira, sobre a vantagem de não precisar gastar com presente – mas também não ganhar. Prefiro assim. Tem gente que pensa que me incomodo demais em estar solteira. Na verdade não. O que me incomoda realmente são os votos clássicos de pessoas mais velhas, falando que no próximo ano estarei com um amor, que eu sou tão bonita, tão inteligente, que eu não preciso me preocupar, que daqui a pouco aparece O cara. Ai, Jesus, mal consigo escutar isso sem virar os olhos. Mas respiro fundo, conto até 10 e rio. Apenas sorrio para a pessoa, sem falar nada, sem responder. Melhor assim, se eu abrir a boca, corre o risco de sair o que não deve.

E o dia dos namorados passou. Foi ontem. Hoje é dia 13 de junho. Pode ser um dia pior ainda. Porque é dia de Santo Antônio, o santo casamenteiro. Ou seja, dia dos solteiros, encalhados e afins. E mais uma vez, esse ano foi diferente. Minha mãe sempre dá uma cutucadinha perguntando se eu não vou lá no Centro comprar um pedaço de bolo, porque vai que tem um santinho nesse pedaço, sinal que eu vou casar. E esse ano, nada desses comentários. Bom, muito bom assim. Me divirto bastante assistindo em tudo que é tipo de programa as mais diferentes simpatias para arrumar um namorado. Mais engraçado ainda é pensar que tem gente que faz isso e pior, acredita! Realmente, eu arrumarei um namorado só porque a agulha que eu joguei numa bacia cheia de água com açúcar apontou para isso. Desculpa aí, mas tenho mais no que pensar.

E enfim, o dia dos namorados passou, o dia de Santintonho está no final, e Dalila continua aqui na minha cama, do meu lado, roncando que só... me fazendo companhia como sempre. Vamos tocar a vida, que não depende de estar casada ou solteira.

ps.: o Santo Antônio está de ponta cabeça propositalmente. Reza a lenda que fazendo isso – uma tortura – ele arruma um marido pra gente desvirar ele logo. Isso não dá trabalho. Então, tai minha parte!