E lá vem ela, a desilusão. Vem daquele jeito metido de sempre. Toda empinada, azul ela. Azul acizentada.
E como faz mal. Chega assim, invadindo mesmo, perturbando a paz que tava tão boa. Faz a visão se perder o foco, o chão balança um pouquinho, quase faz a gente cair. Trapaceira essa tal de desilusão. Vem batendo enquanto a gente tá distraída. Passa uma rasteira e se duvidar, ainda aponta e ri da nossa cara. Traiçoeira.
Bagunça com o que tava arrumado, e ainda causa aquele aperto esquisito, que vem junto de um frio na barriga. Ou seria uma dorzinha de barriga? Já nem sei. Sei que a fome dá espaço pra desilusão passar, e ela acaba ficando. Achando que vai sustentar.
E ela vai ficando, como um hóspede inconveniente, sem sinais de quando vai embora. Aliás, sem sinal de que um dia vai embora. Mas vai. Eu sei que vai.
Existe um remédio muito bom para isso. E é baratinho. O nome é tempo. E tem efeito prolongado, apesar do tratamento exigir um pouco de paciência. Não tem contra indicação e nem efeitos colaterais. Só precisa cuidar com a superdosagem, porque tratamento com tempo é coisa séria, e, enquanto estamos nele, o mundo não pára pra esperar a nossa cura.
Taí um texto feito com sentimento. Amei o desfecho. Muito bonito!
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