“Queria dar um pulinho lá no futuro. Não preciso ficar muito tempo, só dar uma espiadinha mesmo.” Escrevi isso em uma conversa virtual dia desses e depois fiquei imaginando como seria se pudéssemos realmente fazer isso.
Queria ver como estarei daqui uns dez anos. Saber se as escolhas que fiz e faço são as certas, ou, pelo menos, se não são tão erradas assim. Será que aos 40 anos eu estarei trabalhando em algo que goste? Será que eu vou estar casada? Com filhos?? Tanta coisa pra saber, ainda mais pra alguém curiosa como eu.
Quando estava na escola, numa aula de religião – estudei muitos anos em colégio de freira e depois em colégio de padre – o professor pediu para que fizéssemos um texto narrando como seria nossa vida dali alguns anos. Pode até ser que com 30 anos. Naquela época eu achava pessoas de trinta muito adultas e sérias. Era uma idade que demoraria a chegar. Parecia um futuro bem distante. Agora que eu tenho 30 (e passou rápido), não tenho a menor idéia de onde aquele papel com a redação possa estar. Aliás, acho que está no lixo, ou melhor, já deve ter sido reciclado e agora pode servir para outra criança escrever sobre o seu futuro com 30 anos. Enfim.
Tenho certeza que eu escrevi que estaria casada, porque eu não conseguiria, naquela época, imaginar uma pessoa com essa idade solteira e sem filhos. Me lembro que sempre falava que queria me casar aos 22, imaginem só!
É... talvez essa espiadinha no futuro que eu tanto quero acabasse deixando a vida sem graça. Não haveria surpresas, e ainda eu poderia fazer outras escolhas (SERÁ?). Não, não... eu saberia como é o futuro e não poderia mudar isso. Ai ai, muito complexo isso. A agonia poderia ser absurda!
Fato é que isso não acontece e nem nunca acontecerá. Então a gente vive bem, aproveita tudo pra poder se orgulhar do passado e fazer um futuro bonito.