quarta-feira, 27 de abril de 2011

Futuro


“Queria dar um pulinho lá no futuro. Não preciso ficar muito tempo, só dar uma espiadinha mesmo.” Escrevi isso em uma conversa virtual dia desses e depois fiquei imaginando como seria se pudéssemos realmente fazer isso.

Queria ver como estarei daqui uns dez anos. Saber se as escolhas que fiz e faço são as certas, ou, pelo menos, se não são tão erradas assim. Será que aos 40 anos eu estarei trabalhando em algo que goste? Será que eu vou estar casada? Com filhos?? Tanta coisa pra saber, ainda mais pra alguém curiosa como eu.

Quando estava na escola, numa aula de religião – estudei muitos anos em colégio de freira e depois em colégio de padre – o professor pediu para que fizéssemos um texto narrando como seria nossa vida dali alguns anos. Pode até ser que com 30 anos. Naquela época eu achava pessoas de trinta muito adultas e sérias. Era uma idade que demoraria a chegar. Parecia um futuro bem distante. Agora que eu tenho 30 (e passou rápido), não tenho a menor idéia de onde aquele papel com a redação possa estar. Aliás, acho que está no lixo, ou melhor, já deve ter sido reciclado e agora pode servir para outra criança escrever sobre o seu futuro com 30 anos. Enfim.

Tenho certeza que eu escrevi que estaria casada, porque eu não conseguiria, naquela época, imaginar uma pessoa com essa idade solteira e sem filhos. Me lembro que sempre falava que queria me casar aos 22, imaginem só!

É... talvez essa espiadinha no futuro que eu tanto quero acabasse deixando a vida sem graça. Não haveria surpresas, e ainda eu poderia fazer outras escolhas (SERÁ?). Não, não... eu saberia como é o futuro e não poderia mudar isso. Ai ai, muito complexo isso. A agonia poderia ser absurda!

Fato é que isso não acontece e nem nunca acontecerá. Então a gente vive bem, aproveita tudo pra poder se orgulhar do passado e fazer um futuro bonito.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Turistando

É feriadão e eu não viajei. Mais uma vez. Mas não fui porque não quis mesmo, porque acho que não ando o clima de praia, ou porque quero ficar de bobeira, da cama pro sofá, vai saber.

E daí que é Sexta-feira Santa e nada abre. Naaaada assim também não. Mas a maioria do comércio fecha as portas sim. O sol lindo lá fora, eu querendo sair de casa... mas pra onde? Pensei em ir no Museu do Olho, mas hoje é o único dia que fecha. Maravilha.

Idéia: vamos turistar. Sim, vamos, porque, mais uma vez, minha irmã querida foi comigo! E lá fomos nós para o Centro da cidade bater perna. Com o comércio fechado mesmo, tem problema não. Tinha muita gente na rua, turistas e vendedores ambulantes.

Começamos pela Praça Osório, na feira de Páscoa. Tudo artesanal, embalagens com coelhos, cenouras, ovos de todos os tamanhos. Aí fomos andar um pouco, pela Rua XV, onde havia muitos vendedores ambulantes, músicos tocando e vendendo seus CDs. Andando chegamos ao Passo da Liberdade, depois fomos à Catedral, onde tinha muuuuita gente. Primeiro porque estava acontecendo uma missa. Mas também porque ali é ponto da linha de turismo da cidade, com uma fila bem grandona, que desanimava até. Fomos até confundidas com turistas quando estávamos comprando uma blusinha de um camelô. Sim sim, se eu gosto, tem preço bacana, eu compro, independente da fonte.

Voltando passamos na Praça da Espanha, vazia. Depois fomos tomar um sorvetinho bááásico e voltamos para casa. Nisso, o céu estava ficando cinza, porque Curitiba é assim. Dia muito bem aproveitado, eu diria. Fazia muito tempo que eu não andava no Centro assim, sem rumo.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

Busão


Andar de ônibus em horário de pico é um saco. Ui, que raiva que eu tenho disso. Mas, para não pensar assim, tão negativamente, começo a prestar mais atenção nas pessoas que estão ali, empilhadas, no coletivo. Cada figura...

Cenas clássicas que vemos em um ônibus: gente comendo pipoca. No Centro da cidade tem uns carrinhos de pipoca, e tem gente que compra antes de ir pra casa – ou sabedeus para onde estão indo. Daí que o ônibus está lotadão e chega uma pessoa com um saquinho todo engordurado na mão. São duas as opções de sabor: bacon e chocolate, ambas com cheiro terrivelmente enjoativos. A pessoa normalmente se abraça num dos canos do ônibus, para as mãos ficarem livres para comer. Higiene zero. Um horror.

Outra cena clássica: eu sentada – ok, isso é um tanto raro – e chega uma mulher em pé com uma criança de aproximadamente dez anos no colo. E ainda me olha de cara feia. Acho que ela não entendeu que a gente deve dar o lugar para pessoas com crianças DE colo, e não No colo. Finjo que não é comigo (que feio) e está tudo bem.

Dia desses eu cruzei a cidade toda perto de dois caras que passaram quase uma hora falando mal de tudo e de todos. Você me pergunta: e por que não mudou de lugar? Respondo: quando não se está sentada, é muito difícil conseguir um lugarzinho onde o equilíbrio é fácil. Se acho um lugar desses, saio não! E era esse o caso.

Já voltei para casa ouvindo uma mulher pregando, em voz altíssima. Como religião não se discute, deixei ela falar achando que converteria alguém. Até onde eu fui, ninguém gritou “Amém irmã!!!” Nesses casos, coloco meus fones de ouvido, aumento o volume e esqueço o mundo.

Hoje tinha uma figura que passou boa parte do caminho falando no celular. E todo mundo ouvindo. Ela só parou um pouco na hora em que pensou estar no ônibus errado. Como pode?!?!

E assim vai. Todos os dias os ônibus estão superlotados de pessoas apressadas, indo ou vindo, lendo, ouvindo música, comendo, bebendo. Sempre tantas pessoas... e todas tão diferentes. Daria um bom livro falar de algumas delas, criar personagens. Seria comédia, claro.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Chega!!


Assistindo o jornal da noite me pego diante de um mundo de tragédias e más notícias. Nem a previsão do tempo trouxe coisa boa pra Curitiba.

Hoje pela manhã vi nas manchetes de um jornal a câmera de vigilância de um prédio que filmou uma pessoa dentro de um carro atirando em dois caras na rua. Levei um susto! Susto daqueles acompanhados de um gritinho e mão na boca de total espanto! Sim, isso passou pela parte da manhã, horário em que muitas crianças estão na frente da TV. Será que não pensam mais nisso?

Agora pela noite, acabo de ver uma reportagem sobre um peão, desses que montam em touros, que foi pisoteado pelo bicho. Ele saiu andando, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Logo depois de falarem isso, o jornalista fala: veja agora, em câmera lenta... Meu Deus!!!! Quem disse que eu quero ver essa cena passando mais devagar? A TV anda muito bizarra mesmo. E dizem que isso que dá audiência. Mas me conte, e que opção temos? Todos os jornais andam apelando assim.

O jeito é ter TV por assinatura mesmo. Só assim poderemos fugir um pouco dessa realidade absurda, dessa violência explícita e em câmera lenta, para que nenhum detalhe passe desapercebido. Que absurdo....

Quero saber das coisas boas que acontecem no mundo! Quero que essas cosias tenham mais destaques, que as pessoas dêem mais importância para o bem!

“Ah... vida real... como é que eu troco de canal?” HG

terça-feira, 12 de abril de 2011

Mais uma


E então domingo fomos em mais uma peça de teatro. O Festival de Curitiba acabava naquele dia, logo não poderia passar em branco.

Sei que demorei um pouco para escrever sobre isso, mas a peça era fofa (ok, às vezes meus adjetivos se tornam repetitivos) então me sinto na obrigação de dividir isso.

A peça escolhida: “Cordel do Amor Sem Fim”. Era uma companhia carioca, apresentando uma peça baiana no Festival de Curitiba, como disse uma das atrizes.

Era uma peça que falava sobre uma mulher que gostava de um homem que, por sua vez, gostava de outra mulher que, adivinhem, gostava de outro. Tudo feito com muito bom humor.

Havia dois narradores que, no decorrer da peça, subiam no palco e interagiam na peça, mas sem alterar a história.

Divertidíssima, sem exageros nas piadas, coisa que eu admiro, acredito que encerramos o Festival 2011 com chave de ouro. Mais uma vez, aplausos em pé. E sim, merecidos.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tietagem

Ontem a noite relembrei minha adolescência. Fui em uma sessão de autógrafos com Humberto Gessinger, agora como escritor. Pra quem não sabe ou não lembra, ele era o vocalista dos Engenheiros do Hawaii. Era, no passado, porque a banda tá dando um tempo, aliás, por tempo indeterminado.

Bem me lembro... Engenheiros foi o primeiro show que eu fui. Ok, o primeirão mesmo não, que foram os Menudos, mas eu era criança e não conta, certo? Então, voltando, os Engenheiros foi o meu primeiro show por escolha própria. Eu tinha 13 anos, e fiquei colada no palco. Adorei!!! Em seguida me lembro que não parava de escutar eles. Depois disso foram mais de dez shows, todos eles maravilhosos. Muitos autógrafos, muitas fotos, tietagem total. E eu adorava isso. Engenheiros vem pra cidade. Era uma festa!

E agora ele é escritor. Confesso que nunca li nenhum livro dele. Mas como sempre gostei dele como compositor, acreditei não haver erro como escritor. E realmente não teve. Compramos os dois livros dele e já comecei a ler um deles. Sim, compramos, eu e minha irmã, companheira de tietagem. Comecei a ler pelo segundo livro, mas como ele mesmo escreve, que não é bem uma sequência, me senti a vontade de começar pelo final, ou pelo meio, vai saber.

“Mapas do Acaso” é o nome do livro e também de uma música, muito boa por sinal (sou suspeita pra falar), de um cd lançado em 1993, melhor dizendo, de um LP lançado nesse ano. Bom saber que o passado continua vivo até agora. Que o passado é presente.

Enfim, antes de começarem os autógrafos, Humberto Gessinger respondeu algumas perguntas feitas pelos fãs e/ou curiosos por lá. Achei ele muito simpático. Fazendo piadinhas, dando risadas, muito bom. Quando ele era líder da banda achava ele meio estrelinha demais, se é que dá pra entender. Não era muito de papo. Será que com o decorrer dos anos as pessoas vão ficando melhor? Tomára, assim ainda há esperança para mim.

Com autógrafo bonitinho, e ainda a minha cobrança para ele me responder no twitter (e a esperança que isso realmente aconteça), fomos embora, felizes da vida, com leituras novas a vista.

Tá aí o resultado e a prova da tietagem depois de velha. Velha não, mais madura!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Teatro


Adoro teatro. Adoro o Festival de Teatro de Curitiba. Pra completar, minha irmã gosta ainda mais disso. Logo, sempre aproveitamos para ir em várias peças durante a semana do Festival.

Esse final de semana que passou fomos em três peças. Vamos a elas!

Sábado: “Música para Cortar os Pulsos”. Nome meio deprê, concordo. Mas a peça é bacana! Isso que importa, né? Pesquisei antes para saber do que se tratava, vi que tem um blog sobre a peça e muitos comentários. Entre eles, que era uma peça muito boa para jovens. Quando a peça começou, vi que eram três atores novos, novos de idade quero dizer. Minha irmã já achava então que se tratava de um teatro estilo Malhação. Mas para nossa surpresa não era. Eu tinha receio que eles começassem a cantar, por causa do título da peça, coisa que também não aconteceu, para meu alívio. Os trechos de música eram todos falados, no meio do texto. Isso deixou eles mais poéticos ainda. A peça se tratava basicamente de desilusão amorosa, em diferentes tipos de relacionamentos: desilusão pelo término de um namoro, pela paixão não correspondida e pelo amor platônico de um gay pelo seu amigo hetero. Tudo tratado de uma maneira fofa. Teve gente na platéia que se debulhou de chorar. Não, não foi meu caso. Mas entendo, às vezes as pessoas se identificam com as situações, daí já viu né? Saí da peça satisfeita pelo que tinha acabado de ver. Começamos o Festival de 2011 com o pé direito.

Domingo: domingo sempre foi um dia preguiçoso... mas não para o teatro!! Fomos em mais peças. Sim, no plural, domingo foram duas.

“Brasileirinhos, uma História Reinventada”. Se eu achei a peça do sábado fofa, não sei nem como me referir a essa. Era uma técnica diferente, chamada Teatro Negro. Já tinha visto isso na TV, mas ao vivo confesso que não. Fiquei completamente fascinada pelo efeito das cores e luzes! A história é sobre um palhaço que se apaixona por uma boneca de pano, dizia a sinopse. Chegamos no teatro e vi que tinha muita criança por lá. Já comecei a ficar invocada com isso. Calma, eu gosto de crianças, mas longe de teatros e cinemas, porque elas não sabem se comportar onde precisa fazer silêncio. Ainda bem que as luzes e cores não impressionaram só a mim, as crianças incrivelmente se comportaram muito bem. Quase não havia diálogo na peça. Eram músicas de Toquinho, Vinícius e Chico Buarque que completavam o espetáculo. A platéia cantou junto, riu, bateu palma. A minha vontade era de pular no palco, pegar aquele palhaço e levar pra casa. Me peguei várias vezes de boca aberta e sorrindo, porque era tudo muito mágico. Palmas de pé, muito merecidas!

Ainda no domingo, fomos ver “Trilhas Sonoras de Amor Perdidas”, da mostra contemporânea, que são peças mais compridas, em teatros maiores, mais caras e que normalmente tem algum ator famoso. Essa era com Guilherme Weber dando um show de interpretação. Foram três horas de peça – sim, três horas!! – sobre o relacionamento do protagonista com Soninho, interpretada por Natália Lage. Tudo isso regado a muitas músicas, todas no estilo lado B, mas muito boas. A peça é toda baseada em fitas gravadas para todas as ocasiões, desde lavar pratos até fita para terminar um relacionamento. Com pitadas de humor muito bem feitas, sem nenhum exagero, a peça se tornou mais leve de ser assistida. Confesso que muito longa, e que no final o sono bateu bem forte. Mas isso foi por conta de uma noite curta de sono. Mais uma vez, a platéia aplaudiu de pé. Merecedores.

E essa semana tem mais!! O Festival de Teatro vai até domingo que vem. Espero continuar com essa sorte na escolha das peças. É isso aí, começamos mesmo o Festival com o pé direito.